Os descendentes conseguiu me cativar logo no início em que o protagonista, Matt King (George Clooney), diz que só porque ele mora no Havaí seus amigos de fora acham que ele não tem problema nenhum, passa o dia ouvindo o uhla e em cima de um prancha de surf. Eu sinto isso na pele porque o fato de morar em Salvador já fez com que ouvisse pessoas de outras estados que eu devia passar o dia na praia e ir dançar o olodum de noite no pelourinho, aliás é só assistir os noticiários nacionais que toda vez que eles se referem a Salvador é se vai ter praia ou não no dia seguinte ¬¬. Bem eu nem lembro qual foi a última vez que fui a uma praia e Matt King diz que já faz 15 anos que ele não sobe em uma prancha de surf. Matt é um advogado bem sucedido cuja mulher, Elizabeth, acabou de sofrer um acidente enquanto praticava esses esportes de aventura, bateu a cabeça em uma pedra e está em coma...morrendo. Com a mulher nesse estado Matt tenta se reaproximar das filhas, Alexandra e Scottie, de quem ficou afastado durante anos por estar sempre mais envolvido com o trabalho. Scottie é a caçula de 10 anos e com quem Matt não convivia direito desde os 3, e agora está praticamente o enlouquecendo com essa coisa de ser pai em tempo integral. Alexandra tem 17 anos e não tem um bom relacionamento nem com pai e nem com a mãe. No seu último contato com a mãe elas tiveram uma grande discussão que só agora ela revela que era sobre a sua mãe está tendo um caso.
A primeira vista o filme parece ter um roteiro não muito empolgante, afinal é a vida de um cinquentão cuja mulher ta nas últimas e não se dá muito bem com as filhas, mas quando se tem uma boa equipe até as mais banais das histórias podem se tornar surpreendentes e é isso que ocorre em Os Descendentes. Matt e Alexandra entram em uma busca para encontrar o amante de Elizabeth, ao mesmo tempo eles tentam preservar Scottie e tem em mão uma decisão que afeta todos os moradores do Havaí. Matt e seus primos são meio que herdeiros da realeza havaiana, tendo em mãos milhares de hectares inabitados no Havaí e o governo espera que eles dêem um rumo nessas terras em até 7 anos, sendo Matt o principal responsável pela decisão. A trama se torna esse novelo de decisões, buscas e descobertas. Descobertas de si mesmo, uma busca pelo tempo perdido e ao mesmo tempo vendo que há coisas que não tem mais volta então temos que aceitar os nossos erros e seguir em frente independente da dor. Como ocorre com muita frequência na nossa própria vida. Eu sou meio fã dessas coisas que com sutileza falam muito por isso recomendo o filme.
O filme apesar de trazer temas dramáticos também conta com uma leve comédia que faz você dar risada após ter se debulhado em lágrimas. Até agora dos indicados ao Oscar só assisti ele e Meia Noite em Paris, e embora Os Descendentes já tenha levado o Globo de Ouro não sei se leva o Oscar também ainda estou muito curiosa com O artista e Vidas Cruzadas. No entanto se levar fez por merecer =).
3 comentários:
Quero assistir The Help, mas não quero que leve o Oscar. (Sim, é feio julgar um filme antes de assisti-lo mas de tantas críticas que li não acho que seja superior aos outros indicados).
A atuação do George e da atriz que interpreta a Alexandra + roteiro delicadamente escrito me fizeram chorar e quando não chorei, senti vontade de fazê-lo. É um desses filmes "indies" que entram pra lista de favoritos por causa da simplicidade da coisa, da empatia que você ganha e às vezes do sentimento de compartilhar da situação do protagonista, como você própria citou o fato de todo mundo pensar que você vive de praia e olodum só porque mora em Salvador!
Passo por isso também. Parece "impossível que uma carioca não saiba sambar" (...)
Que venha O Artista, Hugo Cabret, e os tantos outros! ;P
Assisti o filme ontem à noite e fiquei encantada com ele. Tinha ouvido coisas boas a respeito, claro. Sabia que ele foi o vencedor de melhor filme de drama do Globo de Ouro.
O filme foi me conquistando aos poucos. Comecei em dúvida, achando que talvez não fosse gostar (eu e os críticos nunca nos demos muito bem. Quando eles gostam muito - e gostaram, já que o premiaram mês passado - fico receosa, embora ultimamente estejamos entrando numa sintonia. Acho que é porque to ficando mais velha hehe) e terminei com a certeza de que valeu a pena.
Gostei, que nem você, da sutileza da narrativa. Gostei muito do fato de esse ter sido um filme sobre a vida de uma família que não tem nada de extraordinário. Eu gosto de bons dramas familiares que não fogem para o lado do dramalhão - coisa que os Descendentes não fez, apesar de ter me deixado com lágrimas nos olhos.
E concordo com você, essa é a melhor época para ir ao cinema no Brasil. Enquanto o inverno é reservado para os blockbusters que chegam praticamente ao mesmo tempo aqui e no Hemisfério Norte, o verão é a época de correr contra o tempo e exibir a maioria dos indicados ao Oscar. (mas eu gosto muito de blockbusters que sejam legais. E nem todo indicado ao Oscar é o tipo de filme que eu curto hehe)
Beijo!
PS: Desculpa por ter escrito uma bíblia.
Eu assisti The Help e gostei bastante, mas não sei se é estilo de filme para Oscar. Vi também Meia-Noite em Paris e O Artista. E já baixei alguns outros indicados para ver o que acontece, inclusive "Os descendentes". Sinceramente, não faço ideia sobre qual vai levar.. hahaha! Quero ver o resto e decidir. :)
E sim, é a melhor época do cinema.. e eles ainda querem impedir que a gente faça download.. se as coisas estreassem no tempo certo pelo menos, né?!
Beijos
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